M. Simeão Indica: Episódio “Nosedive — Queda Livre”, série Black Mirror
Uma mulher faz de tudo para ser aprovada e admirada nas redes sociais e é convidada para uma festa, percebendo nessa situação uma oportunidade de aumentar sua popularidade. Já viu alguma situação parecida com essa? Pois é, poderia ser do cotidiano de algum de nós ou de quem conhecemos, mas essa é a história retratada no primeiro episódio da terceira temporada de Black Mirror, “Nosedive — Queda Livre”.
Black Mirror é uma série de ficção científica, mas uma ficção que possui muitas aproximações com a nossa realidade. Ela retrata dilemas morais e questões que envolvem relacionamentos sociais, tudo perpassando por algum tipo de contato com a tecnologia, que pode ser da TV até microchips implantados nas cabeças dos personagens.
Em “Queda Livre” é apresentada uma sociedade onde as pessoas utilizam um aplicativo para avaliar as outras, até então podemos pensar em alguns similares já existentes, porém essa avaliação ocorre imediatamente após qualquer tipo de interação, por exemplo, um “oi”. Além disso, a nota do aplicativo possui uma relação direta com o prestígio social da pessoa e sua classe social. Nesse contexto, com uma classificação acima de quatro estrelas a pessoa passa a ter direito a morar em casas de luxo.
A protagonista do episódio é Lacie, desejando aumentar o número de suas estrelas no aplicativo sempre é simpática e gentil com as pessoas, mesmo quando não é bem tratada ou quando algo a desagrada. Ela também avalia bem as outras pessoas, na expectativa de ser bem avaliada, mas nem sempre isso ocorre. Além disso, Lacie tenta mostrar nas redes sociais uma realidade que não é a sua, fotos bonitas e cotidiano interessante.
De maneira geral o episódio pode ser notado como uma sátira do mundo em que vivemos. Em maior ou menor grau estamos todos compartilhando algo nas redes sociais e dizendo para as pessoas o que vivemos ou planejamos viver. Já pensou postar alguma foto e não ter nenhum “like” ou comentário? Ou já se imaginou fora de todas as redes sociais? Com o episódio podemos refletir sobre a maneira e em que qualidade utilizamos essas ferramentas.
Algumas pessoas criam uma realidade que não é a da sua vida somente para postar nas redes sociais ou outras ficam tristes ao ver que a vida de outras pessoas é mais interessante que a sua. A mensagem de ter cuidado com usamos os recursos tecnológicos em nossa vida é o recado mais direto que o episódio passa, mas podemos salientar aspectos que vão para além disso, como a tentativa de agradar a todos e o pré-julgamento de uma pessoa apenas pelo o que ela aparenta ser.
Algumas vezes fazemos coisas que não gostaríamos somente para agradar alguém ou por convenções sociais, isso é comum, acontece com todo mundo, pois vivemos em sociedade. Um problema pode surgir quando vivemos em função de agradar os outros e esquecemos das coisas que gostamos ou nos agradam devido a isso, ou quando queremos mostrar algo que não somos ou que não estamos sentindo. Isso ocorre também devido a um culto da felicidade que existe e muitas vezes não existe um espaço para demostrar a tristeza ou a raiva, mas também é importante que a expressão desses sentimentos ocorra, pois pode ocorrer um acumulo e “explodirmos” em algum momento, como ocorre com Lacie no episódio.
Mas nessa maneira de interação não somos apenas possíveis vítimas nesse processo, podemos ser também os vilões. Não somos passivos em nossas interações. Por meio do episódio também podemos refletir sobre quando julgamos outras pessoas sem ao menos conhece-las ou saber qual a realidade pela qual ela passa. Ou mesmo respeitar a opção de vida que outra pessoa escolhe.
Por fim, em apenas 63 minutos , que é a duração do episódio, diversas reflexões podem ser geradas tanto sobre a sociedade em que vivemos como sobre a vida que estamos levando.
Black Mirror está disponível na Netflix!
Essa foi uma das nossas dicas da Liga de Aprendizagem Colaborativa.
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