**Uma entrevista que inspira, encoraja e quebra modismos em Gestão de Pessoas**
Hoje batemos um papo com a Marcília e ela contou pra gente um pouco sobre a sua prática, o que a embasa, além, é claro, de um toque de humor, e historietas de suas andanças em empresas. Confere aí embaixo 😉
1. Marcília, o que mais te fascina na área de Gestão de Pessoas?
O comportamento humano no trabalho me fascina. Pode parecer lugar comum mencionar aqui que o homem é a peça chave para o incremento e desenvolvimento das organizações. Eu até nem costumo usar essa expressão, mas eu efetivamente a pratico. Identificar como as pessoas se mobilizam para atingir ou evitar um “alvo”; como a pessoas aprendem, retém, multiplicam e aplicam o conhecimento; como as pessoas se interinfluenciam; qual a causa dos conflitos; o que está por trás de suas práticas e os valores que expressam, etc. Esta “leitura” sobre a natureza do humano no trabalho me dá base para a construção e aplicação das ações em gestão de pessoas. Pautar a minha prática instrumental como um reflexo da compreensão da complexidade humana em diferentes contextos e situações é o que verdadeiramente me fascina.
2. Durante a sua jornada na área de Gestão de Pessoas quais os grandes desafios que você encontrou?
Eu diria que foram (continuam sendo) dois: manter-me fiel às questões éticas da minha profissão e enfrentar a demanda de gestores e empresários por imediatismo e soluções mágicas. Acreditar e seguir princípios éticos significa dizer que os valores e princípios pessoais que estão por trás deles expressam mais do que um “disciplinamento”, mas uma crença básica que os sustenta. Com exemplos expresso um de cada. Certa vez, me foi pedido para retirar um membro da minha equipe de consultores em um trabalho, porque este manifestava características ditas homossexuais. Óbvio, me neguei! Depois de várias conversas, que não vou reproduzir aqui, afirmei que retiraríamos todos, caso não concordassem com a sua permanência, já que isso em nada interferia no trabalho; mais outras tantas argumentações e contra argumentações nos mantivemos todos no trabalho. Também já deixei de fazer alguns trabalhos porque a intervenção levaria mais tempo do que o solicitante previa, porque eu indicava outras ações necessárias antes de tocar o ponto central da questão crítica, e o cliente não queria investir ou “mexer” em determinadas coisas. A resposta anterior talvez justifique um pouco isto que acabo de afirmar: eu não acredito em soluções mágicas! Soluções mágicas, resultados efêmeros. Um médico pode aplacar sua dor ou mal estar com um medicamento na veia, depois de você comer pão de coco, carne de porco e cerveja o dia todo (eu que o diga rsrs), mas é a dieta adequada que vai garantir que a dor e o mal-estar não voltem ou atinjam outros órgãos. Uma planta pode até deixar um ambiente bonito por alguns dias quando colocada em um jarro decorativo sem o preparo devido da terra, mas é a quantidade de sol que ela precisa receber, o trato da terra e o cuidado continuado que garantirão que a planta floresça forte e viçosa.
3. Uau. É preciso ter muito peito para se posicionar assim. E como podemos trabalhar para que esse tipo de problema seja minimizado?
Evitar exigiria uma consciência coletiva de todos os profissionais que trabalham com RH e isto me parece pouco provável por toda a configuração da humanidade nos tempos atuais no que se refere ao “ter”, mais do que “ser”; a busca desenfreada e de moda pelo sucesso e tantas outras coisas que levaria muito tempo dissertando… Mas aqueles que acreditam nas mesmas coisas que estou falando, minha sugestão é “amarrar-se” na sua identidade profissional. Manter seu senso crítico aflorado; e isto as vezes pede que mantenha por perto pessoas que o tenha mais que você. Eu tenho algumas dessas pessoas perto de mim e quando me vejo diante do “canto da sereia” é com elas que compartilho meus dilemas.
4. Marcília, se você pudesse oferecer uma sugestão para pessoas que estão iniciando a Carreira nesta área, qual seria?
Escolha um mentor para te inspirar, orientar e partilhar; estude e realize tudo em cima de uma base conceitual e nunca peça aos colegas de profissão que te “enviem” modelos de instrumentos e ferramentas da empresa na qual trabalham, eles não servirão para a sua empresa. E nunca esqueça: há tempo para plantar e tempo para colher!
Essa é a primeira entrevista que realizamos com nossa Diretora em nosso Medium. Compartilha aqui com a gente o que você achou 😉
Por Equipe M. Simeão
Em 15/08/16.